2023
“Um oceano para lavar as mãos”
Centro Cultural Sesc Quitandinha, Petrópolis, Rio de Janeiro
15 de abril a 15 de setembro de 2023
Sobre a mostra:
Os curadores Marcelo Campos e Filipe Graciano reuniram aproximadamente 40 obras dos artistas Aline Motta, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Azizi Cipriano, Cipriano, Juliana dos Santos, Lidia Lisbôa, Moisés Patrício, Nádia Taquary, Rosana Paulino, Thiago Costa e Tiago Sant’ana, que ocuparão um espaço monumental de 3.350 metros quadrados.
“Um oceano para lavar as mãos”, título retirado de um verso da música “Meia-noite” (1985), de Chico Buarque e Edu Lobo, se propõe a uma revisão da história do Brasil, pensada por curadores e artistas negros. A mostra busca ainda refletir sobre a cidade de Petrópolis, conhecida como “imperial”, e que tem uma forte memória negra.
Marcelo Campos conta que em aulas, bibliografias e várias ações, há “importantes revisões históricas no Brasil, com a inclusão de autoras e autores negros”. Enquanto nos anos 1990 os afro-americanos já “iam direto na ferida”, observa, no Brasil as iniciativas eram isoladas. As políticas públicas dos últimos 20 anos, entretanto, com as cotas para estudantes negros, “em que a UERJ foi pioneira”, e a penetração das universidades no interior do país, como Cariri e Recôncavo Baiano, propiciaram a que os negros passassem a ter acesso às diversas áreas de conhecimento. “Esta pressão obrigou a academia e os espaços de arte a se modificarem”.
Ele diz que passou a observar “o modo como os artistas negros lidam com o período das navegações”. “Este trauma, esta tragédia de nossa sociedade, exibidos nas documentações de maneira normalizada, com ilustrações de grilhões, correntes. Junto com os artistas, pensamos em como lidar com isso”, diz. “De que modo a arte lida com o imaginário do trauma da escravidão, da diáspora”. Ele menciona as pesquisas feitas pelo sociólogo inglês Paul Gilroy, estudioso da diáspora negra, e autor do livro “Atlântico negro” (1993), tema presente nos trabalhos, e lembra que a artista Rosana Paulino, em conjunto de trabalhos de 2016, chamou de “Atlântico vermelho”, em alusão a Gilroy, evocando a violência da escravidão e seus desdobramentos até os dias de hoje.
Dos doze artistas convidados, seis foram comissionados para criarem trabalhos especialmente para a exposição: Azizi Cypriano, Juliana dos Santos, Moisés Patrício, Pedro Cipriano, Thiago Costa e Tiago Sant’ana.
Filipe Graciano, arquiteto e urbanista, idealizador do Museu de Memória Negra, de Petrópolis, e coordenador de Promoção da Igualdade Racial do Município, conta que a expografia vai salientar a ideia de encontros contida nos múltiplos significados que a palavra oceano traz. “A monumentalidade do espaço do Centro Cultural Sesc Quitandinha vai ao encontro da monumentalidade da existência negra no Brasil”, observa. Graciano assinala a importância do olhar curatorial negro, com artistas negros, para contar “outra história, que não a única no Brasil”. “A potencialidade das mãos, de lavar a história”. “A exposição é quase um ato de reparação histórica”, afirma, observando que o trabalho educativo dará uma contribuição para “repensar a memória da cidade”.
2022
“The Social Fabric: Art and Activism in Contemporary Brazil”
Visual Arts Center, Austin, Texas
22 de setembro de 2022 a 10 de março de 2023

“Bandeirantes #1” e “Bandeirantes #2”, 2019, miniatura de monumento em homenagem aos bandeirantes fundida em latão e cartucho de munições utilizadas pela Polícia Militar e Forças Armada Brasileiras sobre base construída em taipa e pilão.
O Centro de Artes Visuais da Universidade do Texas em Austin apresenta Social Fabric: Art and Activism in Contemporary Brazil (Tecido social: arte e ativismo no Brasil contemporâneo). A mostra reúne a obra de 10 artistas do Brasil que refletem sobre as persistentes histórias das estruturas de poder no Brasil
Organizada por Adele Nelson, professora assistente de História da Arte na Universidade do Texas em Austin, MacKenzie Stevens, diretora do Centro de Artes Visuais e María Emilia Fernández, curadora assistente, Tecido Social apresenta artistas que veem a arte como uma plataforma para o engajamento crítico com configurações históricas, políticas e culturais de determinado lugar, contribuindo para conversas tanto locais quanto globais sobre a conjuntura democrática, recusando-se a manter a neutralidade e iluminando histórias de opressão sancionada pelo Estado e de desigualdade permanente. Artistas participantes de Social Fabric oferecem diferentes abordagens de ativismo, forjando caminhos rumo à justiça e à cura.
A exposição engloba uma ampla gama de mídias, incluindo instalação, pintura, performance, fotografia, escultura e vídeo, e apresenta mais de 60 obras de arte, muitas delas recentemente comissionadas. A exposição pode ser visitada até dia 10 de março de 2023. Depois será exibida no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), Brasil.
Artistas: Aline Motta, Antonio Obá, Castiel Vitorino Brasileiro, Denilson Baniwa, Guerreiro do Divino Amor, Jaime Lauriano, Lais Myrrha, Maré de Matos, Rosana Paulino, Sallisa Rosa